Monday, November 29, 2010
O
Esta situação é parecida com a daquelas pessoas que têm um problema na ala e não conseguem dizer o ‘c’ ou o 'l', com a diferença de que isso até tem graça. E isto chateia. A tecla até unciona, só que tenho que insistir e azer um jeito, assim: ffffff. Fffff. Fffff. Quando me esqueço, ou não estou para me ralar, envio como estiver (um ormulário para o ministério da agricultura, por exemplo, também ninguém lê, é na boa), só que depois, se or alguma coisa importante, é mau, aquilo às tantas é tudo lido. Já falei com o técnico, que me disse para retirar a tecla, que elas são de encaixar, e limpar o pó. Mas eu tenho medo de que alguma coisa possa acontecer, desde partir o disco às tantas até provocar um enorme incêndio, e gostava que osse ele a azê-lo, o problema é que tenho vergonha de lhe dizer. F! São sobretudo estas as minhas aventuras de in o-excluído (ó pá, mas tantas outras!), nada de mais. Sinto-me, quando aço um es orço, relativamente con ortável, com a situação, excepto neste pequeno detalhe de icar às vezes diminuído e desesperado e fodido com isto. Não é propriamente um estigma social, é antes como se tivesse pulgas e piolhos, assim é no undo a in o-exclusão, mas não não ligo muito a isso, está tudo bem, até é divertido (e não parece...).
Wednesday, November 10, 2010
Isto não vai passar
O Mário não pagou o gás e por isso a Júlia toma um duche frio, numa das versões da história. Júlia resolve ligar a Susana.
Sim, logo vou ficar a tua casa.
Só por causa do gás?
Como é que soubeste?
Foi ele.
Como é que ele soube?
Disseste tu.
Disse?
Gritaste, no banho, ou ameaçaste, qualquer coisa assim.
Não, não é só por causa do gás.
Pois, mas ele pediu-me para eu dizer que não.
E tu?
Disse que... ia dizer que não.
Porquê? Não sei, para vosso bem, acho eu.
O nosso bem, essa é boa!
Estou a ver.
E então, posso ir?
Bom, se tens a certeza que é o melhor, acho que sim, mas vou ter que lhe dizer que não estás cá.
Claro, é isso.
Ele de certeza que vai rondar a casa de vez em quando, e também vai telefonar para cá, mas tu nunca podes atender!
Sim, sim, é isso.
E depois, quando tudo passar, também não lhe vais poder dizer nada, inventas uma história qualquer.
Claro que não digo nada.
Prometes?
Prometo, mas ouve, ISTO NÃO VAI PASSAR.
Pois, é que se disseres fico eu com um grande problema!
Eu compreendo, mas ouve-me, isto NÃO VAI passar!
Eu já lhe prometi que não te recebia, se depois ele souber…
Não vai sab…
… é capaz de me fazer alguma.
Não, que exagero, ele nunca te vai fazer nada.
Exagero? Bom, o Mário não é propriamente uma pessoa…
Quê?
Fácil, sabes que...
Não, não é.
Ah, continuas a não gostar que se fale…
De quê?
Esquece, eu...
Olha, o Mário pode ter o feitio dele, mas acho que não te faz nada, é só isso.
Não digo bater-me, mas sabes bem como ele gosta de inventar coisas... meio estranhas.
Sim. Às vezes.
Não são assim tão poucas, e sem necessidade nenhuma. Parece que tem gosto.
Sabes como ele é...
E tu também sabes, e mesmo assim... sinceramente não sei como aguentas. Aquelas piadas à frente de toda a gente, o que ele diz de ti...
Sim, eu sei.
Olha, a mim já me apareceu na loja num dia de movimento...
Só para se fazer de desconhecido.
Sim, eu a falar para ele naturalmente...
E ele a olhar para ti, espantado.
Sim, e só...
Porque há não sei quanto tempo não o reconheceste não sei onde.
Sim. Eu digo que foi por isso, não sei. É coisa que se admita? Não o venhas agora defender, já que me quiseste envolver!
Não, não é isso. Escuta, isto não é fácil para mim... mas tu...
O quê?
Também te ris às vezes do que ele faz! Ou não?
De algumas coisas, sim. Mas cada vez menos.
Para ele é tudo... um jogo, compreendes?
Escuta, agora já não importa.
Ele é assim, e eu... eu não queria que tu ficasses a pensar que ele é uma espécie de monstro. Compreendes?
Compreendo.
Nem que eu sou. Compreendes?
Tu?
Eu depois ligo-te. Por favor, tenta compreender.