Sunday, March 20, 2011

Primavera

Depois de ter sido picado por uma vespa hoje às 10 horas e vinte, pensei: espero que a minha pele macia te tenha dado cabo da vida tanto como tu deste da minha. Cabrona. Depois pensei outras coisas: a)não é nada, sempre tenho outro braço de pele tenra e à mão dedos disponíveis para afagar o lóbulo das orelhas; b) mesmo com um braço inutilizado ainda posso ser alguém na vida; c) é mesmo estúpido pensar que compreenderias os meus pensamentos (mas já agora, vocês vivem de quê, também fazem mel? ou vivem de chouriço, tal como as melgas, essas vacas sanguinárias que o fazem com o NOSSO SANGUE!?)
Uma picada de vespa é como ser espetado na carne por um aguilhão capaz de bombear durante horas a fio um veneno tão poderoso que provoca lancinantes dores. É exactamente como isto. A dor moral poderá ser maior para quem seja muito meigo de pele e coração e se sinta de repente intoxicado por uma até então nunca pressentida essência maléfica, poderá, mas isto sou só eu a dizer. Se for assim, não obstante, apraz-me pensar que reciprocamente alguma da particular doçura do meu ser tenha contaminado o corpo da gaja (ou pensas que é chegar aqui assim mordes e vais-te embora?) e que agora essa porca chauvinista esteja meio afectada dos cornos.
Fui até ao vespeiro, lá atrás, sem ligar a pormenores: mandei um chutão de pé direito numa vara de ferro que está a apoiar a estrutura metálica, na qual fizeram o ninho, não interessa, ficou tudo a estremecer, e elas que nem doidas. Foi giro. Depois fui buscar uma bola e lá estive a rematar contra aquilo, um bocado de longe. Muito giro também, quando acertava.

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