Thursday, January 8, 2009

São os horários!

Uma das discussões mais frequentes entre quem tem responsabilidades nas áreas da Cultura, ou entre quem simplesmente se interessa por estes assuntos, é a dos subsídios.
Em que medida devem - se é que devem – os dinheiros públicos pagar os custos das actividades culturais, e quais aquelas a que se deve dar prioridade, são duas das perguntas recorrentes.
Infelizmente, esta discussão não se tem alargado tanto quanto devia no que diz à área do audiovisual, e em especial à RTP. Não digo que não se fale nisso, mas fico com a sensação que nunca nada se aprofunda, que se vive numa indefinição permanente. Quais são as linhas orientadoras, quais os objectivos e os critérios, qual o grau e a natureza da dependência da estação pública face ao poder político são exemplos de questões que não vejo que estejam respondidas de maneira convincente, mas pode ser falha minha. Não é de nenhum unanimismo que se sente falta, mas sim de um consenso mínimo, ou pelo menos de uma discussão tão clara quanto possível sobre a missão da RTP, bem como sobre os ganhos e os custos das alternativas a essa missão e ao modelo que a sustenta.
Enquanto isso não acontece, resta-nos reclamar de algumas coisas e aplaudir outras. E, às vezes, reclamar e aplaudir, como acontece quando bons programas passam a muito más horas. Pego neste exemplo porque ultimamente me tenho arreliado muitas vezes por não estar na disposição de ficar acordado madrugada dentro para ver bons filmes e bons concertos ao fim-de-semana – como o programa ‘Palco’, que amanhã é transmitido à 1:13, ou os filmes, sempre dois seguidos, que ainda há pouco tempo eram transmitidos em horário de padeiro (lá está: parece que já não é assim) , para não falar em documentários e outros programas, mas até falo: hoje é transmitido um documentário sobre Fidel Castro, a começar às 23:26, para dar um exemplo que não é dos piores. E suspeito que a tal falta de definição do papel da estação, de que falava (que também só suspeito que exista), em especial em relação ao 2º canal, tem tudo a ver com estes estranhos horários.
Não me queixo da qualidade dos filmes e dos concertos – pelo contrário. Mas essa qualidade só me deixa mais frustrado, não só por deixar passar a oportunidade de deles usufruir como pelo desperdício de dinheiro do contribuinte que a sua transmissão implica. O que é bom paga-se caro, normalmente.

2 comments:

Tari said...

É algo que me indigna bastante, principalmente, a indefinição dos critérios de escolha de programas a todos os níveis, quer financeiro quer para estabecimento de horário.
Mas não é difícil de perceber que eles tentam apostar naquilo que vende (como corre)e o que vende para a grande maioria não é, de todo, o que nós "compramos".
E isto de pagarmos e não podermos usufruir da "nossa" qualidade arranha a garganta que não é brinquedo...
O velho ditado "Por uns pagam os outros" acho que encaixa sempre que nem uma luva.

Beijinhos**

Tari said...

A parte entre parentisis ficou cortada ...(como corre)..., queria eu dizer (mesmo que seja a atirar para o ar para ver como corre).

Peço desculpa pelo lapso.

**