Monday, December 8, 2008

De quanto vimos

A internet é um ser vivo, cheio de pensamentos, de sentimentos altos e baixos instintos. E cada um de nós, fazedores de sites e blogs, é uma célula. Somos células nervosas, andamos para aqui a comunicar com outras células, a enviar e receber alimento, a estabelecer ligações e a tentar roubar os nutrientes umas às outras. É assim mesmo, complexo, tanto competimos por comida como a partilhamos.
De tudo quanto tem chegado às células adiposas que se acomodam neste blog (que me desculpem as meninas), muita coisa saborosa poderia ser dada a provar. Mas há dois posts que destacamos, por razões diferentes mas que vêm a ser a mesma: têm a ver connosco. Logo nos primeiros posts deste blog tive ocasião de dizer que o que nos unia era sermos, de uma forma ou de outra, filhos do Vale Interior (e do próprio 'interior') e da info-exclusão.
As razões - que são só uma - são diferentes, e os textos também. O primeiro é ligeiro e engraçado, e se não tem, na mente da autora, directamente a ver com info-exclusão, para nós, assumidos info-excluídos (com melhoras), a relação é óbvia. Bem como a identificação com as situações descritas. O nosso conceito de info-exclusão é um bocado abrangente. Para terem uma ideia, eu julgo que a partir do momento em que os televisores começaram a ter um comando à distância, por exemplo, o mundo (exterior) nunca mais foi o mesmo. Não foi isso o início de nada, porque se trata de um processo, mas é um marco de uma tendência que se pode resumir nesta ideia: com um gasto mínimo de calorias podemos percorrer o mundo desde os desenhos animados americanos até à Rússia de Carlos Fino. Só que era preciso saber sintonizar a televisão, coisa simples até então. Assim, só no interior, onde não são pedidas tantas competências tecnológicas para usufruir da cidadania, nos sentimos menos excluídos. Mas não se pense que não reconhecemos a importância da internet, e todas essas coisas. Aliás, estamos a adorar a experiência de ter um blog. O problema, para além de um certo endeusamento parolo de todas estas alfaias, está no facto de as coisas não funcionarem da maneira que nós queremos. E isso irrita. E faz-nos andar sempre a correr atrás dos técnicos, técnicos esses, ou outros, que concebem as coisas prenhas de toda a espécie de complicações, para depois nos virem desenrrascar quando estamos aflitos, os porreiros. Bom.
Tive dúvidas quanto à colocação do link do segundo post. Devo admitir que, ao fazê-lo, tenho um pouco aquela sensação de estar a brincar com coisas sérias. É certo que nós vamos falando, à nossa maneira, de problemas como os que afectam o interior (ou essa era a ideia), entre outros, mas a tónica deste blog tem ficado a dever mais à análise de mesa de café e à galhofa do que à reflexão séria, atenta e oportuna, como a que está na base do texto de que falo. Seja como for, a preocupação genuína (e séria, também) quanto aos problemas nele tratados - que não têm só, nem sobretudo, a ver com o interior - são partihados por todos os que contribuem para este blog.
Cá vai:

4 comments:

Furetto said...

Como sabes, não ando cá desde o início do blogue, mas agora percebo a origem ;)

Majo said...

serrão: o fds objecto do meu post foi realmente uma info-exclusão forçada. Mas tb porque eu quis. Até porqur muitosa dos meus amigos estavam aqui bem perto. E podia ir ter com eles a pé. Onde eu sei que eles estão sempre.
Mas, às vezes gosto de me info-excluir, assim a modos que para fazer uma "travessia no deserto". E foi o que fiz nesse fds. Deu-me tempo de refectir, meditar. E fazer coisas que, de outro modo, não consigo fazer.
E há outras ocasiões em que me info-excluo voluntariamente... quando estou com amigos, com a família, com alguém "especial". Nesses momentos não existe telemóvel, televisão, internet. Existem pessoas. E para comunicar com elas não precisamos de tecnologia.
Tal como referes, também eu aprecio e preciso da tecnologia. Mas não a troco por um momento "olhos nos olhos". Nunca.
Bjinhos

P.S.: Obrigado pela linkagem. ;)

Anonymous said...

Furetto, em parte a ideia é mais ou menos parecida com a que podia ter alguém que se entusiasmeasse pela pintura e começasse a pintar quadros, quando até aí apenas tinha conseguido ser dos piores na promária a pintar casas com flores enormes ao lado e um sol meio tapado por uma núvem em cima.
Mas atenção, nem tudo aqui é o que parece (ou pode parecer).

Majo, concordo perefeitamente com o teu comentário. É engraçado falares nos amigos que te podiam ajudar. Andamos vezes sem conta à procura de quem nos possa desenrascar, porque as máquinas nos põem à rasca. São esses que eu chamo de 'técnicos'. Nós vamos ter com eles de uma maneira que faz lembrar as pessoas que antigamente procuravam que soubesse ler e escrever.
Mas não é bem a mesma coisa, porque acho que é mais fácil um adulto atingir uma 'info-inclusão' mínima (edição de texto, utilizar aplicações simples, navegar na internet, usar e-mail, etc.) do que uma alfabetização mínima (ler ou escrever um recado, por exemplo).

Anonymous said...

gostei da escrita e da analogias :D