Tuesday, December 9, 2008

Uma rapariga


Uma rapariga (Tânia), para fugir do mundo triste em que vive, casa e faz um filho com o seu homem. O menino ilumina todo o horizonte de felicidade na sua cabeça. Porque assim o determina a natureza, as mães fazem dos filhos a variável controlável da sua vida, ainda que tal não passe de ilusão. As raparigas fragilizadas, como Tânia, são muitas vezes as que mais anseiam por um filho.

O filho de Tânia começa a falar com um ano de idade e diz mãe. Mas com o passar do tempo a alegria dos primeiros chamamentos vai como que diminuindo. A sorte da felicidade da mãe é um peso que ele não pode suportar, e, por isso, foge para outro país. É quase um homem, já pode trabalhar. Junta-se a um grupo no café, à noite, e vêem futebol.

Metade daqueles homens conhecia alguém que morreu de acidente, nas constantes viagens de ida e volta.

Passam-se décadas até que um descendente dos que nunca mais voltaram aprenda a tocar piano. Era só o que lhe faltava e, no entanto, não é especialmente feliz. Mas não se suicida, ou coisa parecida. Dorme mal às vezes, vá.

4 comments:

Anonymous said...

complexo de edipo? trabalhadores da construção civil? músico pimba? :DDDD epá n adivinho!

Anonymous said...

Talvez um pouco de tudo. É uma histórinha, quase uma anedota, como aquela: 'iam dois indivíduos de moto. Tiveram um acidente, o da frente morreu e o de trás chamava-se Zé'.
Talvez pretenda apenas dizer: a vida é uma tragédia, mas vamos andando.

Tari said...

Gostei mesmo muito deste post e esse final desconcertante foi o auge.
Continuem o bom trabalho. Já coloquei o vosso link no meu blog ;)
Beijinhos**

Anonymous said...

Obrigado pelas palavras simpáticas ( e imerecidas).
Vou tentar continuar a mandar postais, só para não ficarem na gaveta sem destino.