Wednesday, October 29, 2008

Ouvindo conversas, lendo fragmentos, observando sinais


"Para quem costuma rezar um Terço por dia, o Santo Padre sugere distribuir os mistérios do Rosário, ao longo da semana, da seguinte forma:

- Mistérios Gozosos:
Segunda-feira e Sábado;
- Mistérios Luminosos: quinta-feira;
- Mistérios Dolorosos: Terça e Sexta-feira;
- Mistérios Gloriosos: Quarta-feira e Domingo; "


(O Rosário, a oração da Paz; João S. Clá Dias)

Monday, October 27, 2008

Sunday, October 26, 2008

Itália


A Itália é um país que sempre faz espécie. Encontrei umas linhas interessantes sobre o país no The New York Times que, entre outras coisas, traz uma descrição da Encyclopedia Britannica que se pode traduzir mais ou menos assim: “ trata-se menos de uma nação única do que de uma colecção de locais culturalmente relacionados, reunidos num conjunto invulgarmente aprazível”.
Quase se poderia dizer que é uma apreciação que tem mais de Britannica do que de Encyclopedia, ainda que não seja propriamente injusta.
No artigo pode ler-se outra ideia interessante, ainda que não propriamente muito original: “(…) desconfiados da autoridade depois de o exercício do poder ter assumido, ao longo do tempo, carácter descentralizado e frequentemente arbitrário, os italianos tendem a estabelecer ligações de lealdade a nível local: à região ou à cidade ou, mais frequentemente, à própria família”.

Há relativamente pouco tempo a esquerda perdeu o poder para Berlusconni de forma estrepitosa. A máfia tanto pode fazer uma cidade ver o seu lixo amontoar-se durante semanas, como ameaçar e matar quase impunemente.
Algumas das notícias de hoje, que deixo em jeito de descrição, mais do que com o pretensão de concluir alguma coisa, dão conta da possível contratação de David Beckham pelo AC Milan, do regresso da Madonna del Cardellino, de Rafael, à galeria Uffizi, depois de uma década de trabalhos de restauro, e da loucura que tomou conta dos italianos por causa do jackpot de 100 milhões de euros do totoloto local. Alguns estão a apostar as poupanças de uma vida no jogo, cujo 1º prémio não é atribuído desde Abril.

É uma terra onde muita coisa acontece, muito mais parece estar sempre prestes a acontecer e, no mínimo, espanta e emociona em estilo tragicómico, o que não está ao alcance de todos. Convém ir seguindo o que lá se passa.

Friday, October 24, 2008

Compras



Gosto de fazer compras no comércio tradicional. As grandes superfícies são demasiado impessoais, frias mesmo, e eu não aprecio particularmente fazer parte de uma multidão de anónimos que se evitam, que se escondem na confusão. Prefiro percorrer a baixa (do Porto), andar de loja em loja com as mãos carregadas de sacos, e desfrutar da oportunidade de me cruzar e encontrar com quem passa, conhecido ou desconhecido, com as pessoas das lojas, ou com quem apenas está a ver os outros passar. Na baixa cabem todos.

Hoje tirei o fim de tarde para ir às compras. A minha última paragem foi na mercearia da sra. Ricardina. Enquanto pesava alguma fruta, uma garota com um ganchinho azul ia tentando convencer a mãe a comprar umas pulseiras e um chocolate. As pulseiras eram iguais às que todas as miúdas usam, e o chocolate era normalíssimo também. A mãe não parecia nada inclinada a satisfazer aqueles caprichos, provavelmente mais por uma questão de princípio do que por causa de dificuldades sérias. Mas as suas respostas, por vezes verdadeiros lamentos, soavam à conversa da crise. É que a crise vem acompanhada de uma música própria, que contagia toda a gente, incluindo quem, por ventura, não lhe sente os efeitos.

Não é o meu caso. Enquanto o diálogo de surdos entre e mãe e filha prosseguia, dei por mim a pensar em todas as coisas a que tive que dizer não, só durante a tarde de hoje, como uma mala nova para substituir a que costumo usar, já velhota, ou uma torradeira que ando a cobiçar há meses. E preferi nem olhar para a montra de uma livraria que fica umas ruas antes da mercearia.

A senhora bem se esforçava por ir chamando a atenção da pequena para outras coisas, mais importantes e úteis, que levava a pensar nela. Mas esta, sem chegar nunca a armar uma daquelas birras medonhas, dava mostras de saber cumprir o seu papel. E não desarmava.

Nós é que não nos podemos dar a esse luxo. Temos de nos ir conformando com a redução nos gastos. De há uns anos a esta parte, tudo está mais caro, sem que os ordenados tenham acompanhado a inflação. Depois, cada um tem os seus desafios específicos. O meu passa por não pôr de parte o sonho de vir a ter casa própria, sendo que, uma vez que sou uma professora deslocada, não trabalho no local onde gostaria de viver no futuro (ou melhor, onde gostaríamos, já que a decisão não é só minha). E isso significa que tenho de suportar o custo da renda da casa onde estou presentemente.

A necessidade de poupança vai-se impondo em todas as decisões que envolvam a realização de despesa, grandes ou pequenas, em prejuízo de hábitos adquiridos. Ainda não pus em causa o cafezinho, mas já não compro o jornal diariamente, tento fugir da pastelaria, dos chás com as amigas, dos espectáculos, de um ou outro DVD que ia comprando, etc. Hoje, por exemplo, antes de me dirigir à mercearia, passei por um carrinho de castanhas assadas, que me foi tentando cativar enquanto atravessava a praça onde estava. Resisti, apesar de um cartuchinho vir mesmo a calhar numa tarde fria como a de hoje (e ainda bem que resisti, porque no fundo da rua estava um sem-abrigo a olhar para quem passava, e fico especialmente embaraçada quando trago comida e me deparo com alguém necessitado).

Entretanto, a menina parecia estar quase convencida, se bem que o chocolate ainda a fizesse choramingar. E a mãe, calma mas determinada como só elas, ia lembrando que não se pode ter tudo, que muita gente nunca tem oportunidade de comer doces e elas já levavam umas sobremesas e o chocolate para o pão.

Quando mãe e filha saíram e se fez silêncio, toda aquela conversa, que começara por me dar pena, ficou a martelar na minha cabeça, não me permitindo esquecer as minhas próprias dificuldades, em particular a jornada de renúncias em que se transformara uma tarde de compras. São sacrifícios relativamente modestos, mas depois de tanta disciplina e bom senso - apesar de concordar com aquela mãe - e depois de tanto chocolate invocado, fiquei… descompensada.

Acabei por abrir a tampa de um boião de bombons, dos antigos e baratinhos, e tirei uma mão-cheia deles. Cá fora, subi a rua, dei metade ao sem-abrigo e concedi-me o luxo de comer os outros. Toda a gente precisa de um doce, de vez em quando.

Monday, October 20, 2008

Saturday, October 18, 2008

Ouvindo conversas, lendo fragmentos, observando sinais


"Os lugares à mesa

Os donos da casa sentam-se em frente um do outro, na parte mais larga da mesa.
À direita do dono da casa, senta-se a senhora de mais idade ou de mais categoria social; à esquerda, a que se lhe segue, imediatamente.
À direita da dona da casa o homem de maior representação e à esquerda o seguinte.
As pessoas mais novas ou de menos categoria, sentam-se nas cabeceiras da mesa. Podendo ser, devem sentar-se, alternadamente, homens e senhoras."


(Noiva, esposa e mãe; Colecção Laura Santos)

Friday, October 17, 2008

O que é que se passa com os técnicos?


Também me queixo da falta de quem nos resolva os problemas informáticos. A nossa página de internet da junta está desactivada há uns meses. Mas aproveito para informar a população de Eiras que o serviço de acesso à internet continua de portas abertas na sede da junta, com vários computadores disponíveis, e que não é só para os mais joevns! Digo isto porque me têm colocado a questão, mas é só o site que não está a funcionar.
Que jeito nos dava ter cá o técnico. Ele não estará interessado em conhecer a nossa cozinha? Os nossos vinhos e produtos tradicionais? É trazê-lo cá, que arranja-se qualquer coisa, para ele e para o Serrão, que também é técnico!
As tecnologias de informação assumem cada vez mais um papel destacado no nosso tempo, e ainda bem, por serem um meio usado em quase tudo, desde a economia aos tempos livres.
Nós damos grande importância a essa realidade, nomeadamente entre os mais jovens, através de iniciativas como o centro de internet já referido. Agora, há que despertar na juventude o interesse por outras coisas além da internet, pois ao assumir um papel tão importante não deixa espaço para que cada jovem perceba que não pode estar dependente dos computadores para tanta coisa assim.
Cada um é que sabe, e o nosso centro continua aberto a todos, ao contrário do que alguns diziam.

Thursday, October 16, 2008

Problemas técnicos




Por algum motivo neste blogue nos assumimos como virtuais info-excluídos. No campo das tecnologias, quais analfabetos funcionais, sabemos o mínimo, e só o mínimo, como quem assina o nome e lê as placas com os nomes das terras. Mas é o suficiente para percebermos que a maior parte da culpa é… dos técnicos, dos especialistas, responsáveis pela criação deste mundo electrónico! Encontramos, a cada passo, aberrações que potenciam a nossa info-exclusão e, no entanto, apesar de amaldiçoarmos os computadores, os técnicos, e o Bill Gates, temos remorsos por nos sentirmos frustrados, pois, no fundo, mesmo nós reconhecemos que a revolução digital é fenomenal. E também porque gostaríamos de saber resolver, tão bem como qualquer info-incluído digno desse nome, as trapalhadas com que os informáticos nos brindam.

Eis dois exemplos de verdadeiros choques tecnológicos por que passámos ultimamente, ambos relacionados com o recém-nascido Info-excluído (oportunamente falarei de outros):

● Logo nos primeiros dias, quando algum dos colegas de blogue se tentava juntar (adicionar), depois de executar todos os passos previstos, deparava-se invariavelmente com um imperscrutável e irritante erro. Acabámos por encontrar um técnico disponível a ajudar-nos, que, a certo custo, percebeu que para solucionar o problema era necessário que cada um dos candidatos a bloguista executasse, na sua conta, determinados procedimentos sem nexo nenhum. Depois, não sabemos porquê, o próprio Blogger identificou o nosso blogue como possível spam blog e impediu-nos o acesso durante dois dias. Felizmente era facultada a possibilidade de pedir que um operador humano fosse verificar se se tratava ou não de um spam blog, o que sugere que os próprios criadores não confiam nas suas criaturas! Claro que cliquei na opção respectiva, sendo de imediato saudado com uma espantosa declaração, qualquer coisa parecida com: “se está a ler isto é porque provavelmente você é um ser humano, (…)”. Provavelmente. A máquina admite, portanto, que precisa de um humano para averiguar se um blogue é ou não feito por humanos. Muito bem. Mas, então, fico ainda mais perplexo com o atrevimento que a leva dar a entender que eu, por minha vez, preciso de uma máquina para saber se sou ou não humano! Aposto que só o faz aos info-excluídos.


● Tivemos também um problema com as linhas em branco. Ninguém sabia, por exemplo, como fazer para separar os títulos dos posts do texto propriamente dito. E, do mesmo modo, nem sempre conseguíamos que as linhas em branco usadas frequentemente na separação de parágrafos e afins fossem reconhecidas, depois da edição do texto. Devia ser uma coisa simples, mas o que me diz a minha experiência é que, na informática, a simplicidade é caprichosa. O sr. Cabaça foi quem mais sofreu com este problema, porque o editor (ou o próprio Blogger, ou lá o que é) teimava em não reconhecer os espaços que vão entre as quadras do poema. A opção foi recorrer à barra (/), um expediente típico de info-excluído. Fui eu que o sugeri, de resto. Entretanto encontrámos umas dicas para remediar a situação (que se resumem a escrever um p entre os sinais de menor e de maiorno editor (?) Html; se alguém conhecer uma solução melhor, chegue-se à frente), evitando assim recorrer de novo ao quase sempre indisponível técnico. Entretanto, seguindo uma sugestão minha, o sr. Cabaça optou por deixar a barra a separar as quadras, só porque sim. E até está bem.

Tuesday, October 14, 2008

Os nossos mestres


O dr. Luciano Carlos de Abreu foi uma das figuras mais grandiosas da nossa região. Veio ao mundo a 24 de Fevereiro de 1894, em Tábuas, freguesia de Romaride, e faleceu em Lisboa, em 19 de Novembro de 1965.
Licensiou-se em Direito, na Universidade de Coimbra, tendo vivido grande parte da sua vida entre esta cidade e a capital. Foi nestas urbes que se dedicou à advocacia e ao ensino, leccionando em diversas escolas secundárias, tendo mesmo sido um dos fundadores de um colégio.
Homem dotado e dinâmico, foi um notável conferencista, poeta e prosador. Além de livros académicos de referência na sua área, publicou muitas outras obras, entre as quais destaco os livros de poemas dedicados à nossa terra (ou nela inspirados). Mas o seu legado literário, em poesia e prosa, é imenso, assim como o seu amor ao Vale Interior, à sua gente e cultura. Trata-se, fundamentalmente, de um grande português, disposto a dar o seu melhor em tudo o que se envolvia.
Resolvi-me por apresentá-lo, ou recordá-lo, na minha estreia neste espaço, por ter sido uma referência ao longo da minha vida, e por tão bem ter sabido cantar o nosso vale. Assim, deixo aqui algumas quadras de uma de suas maiores obras poéticas, " Estudos de poesia popular", premonitórias das de António Aleixo:


Em grandes poisos se altaneiam
muitos tolos abelhudos;
Nem sabem quanto se afeiam,
Vaidosos e barrigudos.
/
/
Pouco existe que mais doa
a honrado trabalhador,
que ver gente sã, à toa,
a comer d'outros o suor.
/
/
Têm porte e figura
certos que conheço;
mas em casa, broa dura,
e a candeia ao avesso.
/
/
Sorrateiro, sorridente,
fresco e franzino.
Assim, o insolente,
vem armar seu desatino.
/
/
Por não ver o velhaco,
que ser sério é um bem,
afunda-se em tal buraco,
que não vai sem mais ninguém.

Monday, October 13, 2008

Grandes expectativas


Nota prévia: escrevi este texto no início do ano lectivo, já lá vai quase um mês, mas como a minha (e a nossa) info-exclusão não me permitiu deixá-lo aqui antes, faço-o agora (espero que seja desta).


A vida de um professor é marcada por ciclos precisos, que se repetem todos os anos. Depois do regresso às aulas, em Setembro, vêm o Natal, o Carnaval, a Páscoa e as férias grandes, as principais estações do ano lectivo. E cada ciclo tem os seus rituais obrigatórios: as reuniões, as avaliações, as festas, as inúmeras efemérides, etc.
Por enquanto, tudo cheira a novo e todos somos crianças de cara corada e olhos a brilhar, só de olhar para os livros por estrear. Há gente nova no grupo, gestos e regras que se aprendem ou relembram. Por enquanto, os sonhos e os receios de todos caminham bem alto, de mão dada.
Nunca percebi se estes momentos são uma recompensa antecipada pelos trabalhos por que passaremos depois, se uma enganadora bonança que consegue sempre deixar-nos desprevenidos face às tempestades. Veremos, já que, e esta é que é a verdade, dias bons, dias maus e dias assim-assim não se hão-de fazer esperar e a rotina acaba por ser o que mais surpreende. Nunca aprendemos, mas que interessa isso nestes dias?
Dentro em breve os anjos e os santos – isto é, os alunos e os professores (experimente dar aulas a anjos destes e diga depois se o somos ou não) – estarão envolvidos numa luta constante por protagonismo, todos contra todos. Resta esperar que a Salvação e a Graça vão, ainda assim, acontecendo diariamente, entre fraquezas e preces.
Duas jovens colegas ‘das AECs’ (actividades extracurriculares), candidatas a santas, perguntavam-me, no outro dia, por planificações, materiais, actividades, etc., para as respectivas áreas, Música e Inglês (ou seria Expressão Plástica?)
Eu percebo-as, mas desconfio que não sabem até que ponto não é isso que, a nós, as santas mais velhas, nos preocupa verdadeiramente. O que nos preocupa é saber se vamos ou não chegar ao fim do ano com o tal sentimento de termos sido demasiado defraudadas pelas expectativas do início.
Suspeito que elas nunca passaram um fim-de-semana a fazer compotas para toda a família, como algumas de nós fazem, para esquecer a escola, deixá-la lá longe. E também não devem recorrer muito ao ‘Relax Woman’ (nunca percebi se era um CD ou um livro), às escapadelas culturais de ocasião ou ao Xanax.
Mas sei, seja como for, que já valeu a pena continuar a acreditar na paciência dos santos e na inocência dos anjos. Porque, se não tivermos grandes expectativas agora… quando é que as teremos?


Lanterna mágica


De hoje a oito dias, na história


No dia 20 de Outubro de 1827 uma frota conjunta da França, Reino Unido e Rússia derrotou uma frota Otomana e Egípcia, naquela que viria a ficar conhecida como a Batalha de Navarino.
A batalha teve lugar ao largo das costas da Grécia, e constituiu um marco decisivo na sequência de acontecimentos que conduziram à independência daquele país em 1829. Até então a Grécia integrava o império Otomano, o qual só reconheceria o reino grego em 1832.

Sunday, October 12, 2008

Ouvindo conversas, lendo fragmentos, observando sinais


"Queres ver eu a comer um carapauzinho e a cabeça dele?
Olha, assim! Nham-nham!
Como os olhos e tudo! Olha!"

(Marta, 4 anos, comendo carapaus fritos; hoje, Eiras de Sabaio.)

De hoje a oito dias, na história


A 19 de Outubro de 1960 os Estados Unidos decidem-se pela implementação de um embargo comercial a Cuba, como resposta às nacionalizações impostas pelo governo revolucionário cubano. A então administração Eisenhower terá ficado especialmente incomodada com a nacionalização de empresas americanas, mas todos os desenvolvimentos da revolução cubana a preocupavam.
Um dos efeitos do embargo foi a concretização do alinhamento estratégico de Cuba com a União Soviética, o qual levaria, em 1962, a novo e mais alargado embargo (desta vez patrocinado pelo presidente Kennedy) e, posteriormente, à Crise dos mísseis.

A 19 de Outubro de 1987 os mercados de capitais de todo o mundo entraram em colapso, na que ficaria conhecida pela segunda-feira negra.

As questões que se vão colocando sobre as virtudes e os defeitos de distintos modelos económicos têm uma longa história. A coincidência da data proporciona dois exemplos.

Friday, October 10, 2008

Festas na aldeia


Uma festa popular do santo da terra pode ser assim:

9h – alvorada (isto é, foguetes);
13 h – abertura da quermesse;
22h – actuação do agrupamento musical Dominó;

São festas que despertam as pessoas muito cedo, sem necessidade. O que é que acontece entre as 9h e as 13h?
Então façam a alvorada ao meio-dia.

Outras coisas que deflagram nestas festas, Agosto, emigrantes: chegada da Filarmónica Nossa Senhora do Amparo; fogo de artifício; celebração solene da santa missa seguida de procissão e arraial com a venda dos andores; actuação do rancho folclórico do Grupo Alegre e Unido; a Comissão de Festas não se responsabiliza por qualquer acidente ocorrido durante os festejos;

Um acidente que me ocorre é não conseguir adormecer à noite por causa dos agrupamentos e, depois, acordar muito cedo por causa das alvoradas. Mas eu gosto cada vez mais do arraial.

Um programa das festas de há 10 anos seria mais ou menos igual aos de agora, mas poderia ler-se uma saudosa frase: “durante o decorrer dos festejos estará em funcionamento um esmerado serviço de bar.”

Há 20 anos os conjuntos tocavam slows, quantas vezes interrompidos para que se ouvisse a voz do Zé Eulálio: “Fiat Uno matrícula NI-24-75 é favor de se retirar do local onde se encontra.”

Há 40 anos dizem que havia zaragata certa, isso sim, eram programas. Ainda assisti a uma dessas pelejas fúteis, nada de especial, disseram-me. Uma farsa, ao pé de um verdadeiro arraial de porrada, como os havia antigamente. Mas não deu para ver quase nada e não gostei, porque foi muito perto.
A verdade é que participei em muitas festas de aldeia, tentando fazer carreira como baixista e guitarrista de verão num agrupamento carola. Nessa altura é que comecei a apreciá-las mais.

Lembro-me duma em especial, não sei porquê, eram 2 ou 3 da manhã baile dentro, numa aldeia iluminada pelas nossas luzes e pelo fio de lâmpadas no exterior da capela, desenhando-lhe as linhas bonitas, raparigas à espera recostadas, em congregação, compadres de pança a rodopiar, a apanhar o frio do palco, eu, no baixo, a roda de gente a dançar… Uma festa numa aldeola podia ser bela, afinal, e isso desconcertou-me. Mas era bestial.

No fim, apareceu um velho engraçado que nos queria ajudar a carregar o material. Começou logo por agarrar num banco de jardim, mas o cimento não cedeu. Tinha uma força incrível! Conseguiu levar sozinho uma coluna das pesadas, depois de praticar em coisas que só ele achava que eram nossas. Devíamos ter ficado preocupados com um possível acidente, mas de tanto rir nem nos lembrávamos. E ele apenas dizia, muito sério e bêbado: “olhem que isto é difícil… mas também não é fácil!”

Thursday, October 9, 2008

Wednesday, October 8, 2008

Inauguração

Parabéns, amigo Serrão, pela iniciativa da realização do blog, e pela inauguração do mesmo, um contributo que sei que será prestimosíssimo para toda a «nação» valense. Eu é que costumo fazer as inaugurações, sou eu, como dizia o outro! De modo que estou até aliviado por, desta feita, ficar de fora da dita, que lhe coube a si.
Mas, bem-hajam todos pela generosidade. Eu cá estarei, para ir opinando sobre o que bem entender, e para ir trazendo alguns apontamentos sobre o que se passa na nossa terra.
Pode ter escapado aos mais desatentos que a página de Internet da Junta está desactivada. Temos tido alguns problemas informáticos, que só serão resolvidos quando o nosso técnico tiver tempo. Até lá, conto com o Info-excluído para não deixar os interessados sem acesso à informação. O que disser será sempre identificado, e é de minha exclusiva responsabilidade. Quem ler os meus textos já sabe que eu, na situação de Presidente da Junta, tenho um ponto de vista parcial dos problemas que ainda nos afligem.
Tivemos uma excelente reunião de trabalho onde se esclareceu este assunto, já que pelo facto de sermos vários, com diferentes pontos de vista e de diferentes freguesias, não deve haver grande injustiça na análise dos assuntos. Eu, por conseguinte, vou tentar ser o mais imparcial possível, como é de direito em alguém que ocupa um cargo como o meu.
Por falar na perdiz, para quando outra reunião de trabalho? Desta vez pode ser na zona (adoptiva) do Serrão e do Camelo, porque tenho que ir à capital. Claro que não é bem reunião de trabalho, porque nem todos podem fazer uma viagem destas sem mais nem menos, mas conheço lá em baixo uns rapazes cá da zona que se reúnem muito à volta do cabrito ou da truta, ou assim. Que dizem?

Friday, October 3, 2008

Deixem-me fazer as apresentações



Se há-de ser alguém, eu mesmo farei, e com todo o gosto, as apresentações da trupe - quanto mais não seja por ser certamente o único que já sabe postar!

Camelo - filho ilustre da terra, como se dizia antigamente, cedo dela abalou, para cursar música. Mas sempre tocou vários instrumentos e sempre manteve uma importante ligação a essa terra que o viu nascer.
Eu conhecia-o mal, até determinadas andanças nos terem tornado companheiros de ocasião e, entretanto, amigos. Esta é mais uma dessas aventuras.
Tem um estilo, de escrita e de vida, muito próprio, assente numa sapiência refinada. Quem tiver oportunidade de ler algum texto seu, dirá que daria bom escritor; mas eu digo que ele é um óptimo escritor. Oxalá este projecto o beneficie e projecte tanto, nomeadamente entre os meios valenses, que vão já reconhecendo os seus méritos, quanto as suas contribuições, não duvido, acrescentarão ao próprio blog.
Acrescento só que se trata de respeitado programador cultural numa autarquia do litoral ( ou não era para dizer?), e que é natural de Fontelas.

Anabela Prata - esta menina é de Eiras de Sabaio, a nossa muito querida. E minha freguesia natal!
É professora do 1º ciclo e educadora de infância!
Vive e trabalha no Porto e somos conhecidos de há muito. É realmente daquelas pessoas que sabem o que querem. Ou não, porque se tirou dois cursos…
Aliás, diga-se que, com o seu talento, podia tirar os cursos que entendesse, mais coisa menos coisa. Mas virou-se para a educação, e fez muito bem.

J. Bailica - este companheiro fez o percurso inverso ao do Camelo, ao da Anabela e ao meu, porque veio (ou foi?) da cidade para a terra de Sabaio. E isso é muito interessante num blog como este. É caso para dizer que, se ele não existisse, teríamos de o inventar.
Essa é logo uma razão para ter aqui o Bailica. Mas a família do rapaz, para mais, quer do lado materno quer do paterno, é toda do Vale Interior: a mãe de Eiras de Sabaio e o pai de Romaride.
A juntar a isto, há o enorme interesse que suscita os projectos em que está envolvido, dos quais toda a região irá, esperamos, beneficiar sobremaneira. Adianto já que são projectos das áreas do turismo e da agricultura, e que o prezado colega de blog é arquitecto!

José Flores Cabaça - o sr. Cabaça conseguiu ter lugar marcado em grande parte dos principais projectos culturais e sociais que, ao longo dos anos, fizeram história na nossa região. Esperemos que o Info-excluído dê continuidade a esse percurso.
A sua presença em jornais regionais data de há mais de 40 anos! Foi, ou é, membro de inúmeras colectividades, fez rádio, etc., etc.
É uma figura marcante na região; e uma figura fortemente marcada por ela, também. Por isso fizemos questão de o ter aqui.
Este blog tem uma linha editorial bastante aberta, como tentei expor no primeiro post. Há uns pré-requisitos básicos e, depois, o que conta é a vontade de escrever e o valor acrescentado que cada membro pode trazer.

Presidente da junta - o sr. Francisco Aires Marchante, presidente da junta de Eiras de Sabaio, queria usar o seu nome próprio neste espaço. Mas, como muito bem sabem todos os eirenses, não há na terra quem não o trate, precisamente, por ‘presidente da junta’. Basta lembrar que continuou a ser tratado por esse título, como se ainda fosse responsável pelo cargo, durante o mandato do sr. Costa – depois de umas eleições às quais o sr, Marchante não se candidatou.
Mais: é o próprio que, muitas vezes, entre amigos e de forma bem-humorada, incentiva o seu uso. Bem me lembro, por exemplo, de o ouvir dizer muitas vezes “eu é que sou o presidente da junta!”, evocando uma famosa personagem de Herman José!
Outras dúvidas que podem surgir prendem-se com os propósitos, e mesmo a legitimidade, de darmos aqui voz a um responsável político, detentor de um cargo numa autarquia local (e não a outros). A essas dúvidas podemos contrapor a seguinte pergunta: será que o sr. Marchante, só porque é presidente da junta, não tem os mesmos direitos que os outros cidadãos, nomeadamente aceder a um espaço despretensioso como este?
Seja como for, o sr. Marchante foi convidado, sobretudo, atendendo à pessoa, ao seu perfil e disponibilidade que, pensamos, se enquadra bem num blog como o nosso.
Além disso, temos aqui vozes de vários quadrantes, e teremos outras em breve, se tudo correr bem.

Filipa Cabaça - eu não conheço bem a Filipa, neta do sr. Cabaça. Vou revelar a sua idade: 16 anos. Não se diz a idade de uma senhora, mas neste caso…
E ela é uma senhora, apesar de ser uma menina.
Espero que a sua participação neste blog nos ajude a todos a não ficarmos muito presos às nossas ideias, a não sermos muito teimosos, sérios, rabugentos… enfim, muito velhotes.

Info-excluído@pessoa - como tive oportunidade de informar no primeiro post, a ele se deve, em grande parte, a existência deste blog (a propósito, como é que se faz para que o seu nome não apareça transformado num link?)
Não é do Vale mas vai lá muitas vezes, desde que nos conhecemos.
Diz que, para já, não quer revelar o verdadeiro nome, porque, garante, dá azar ( onde é que eu já ouvi isto?)
Diz, até, que ainda não sabe bem se vai, de facto, participar. É muito reservado e contraditório!


Serrão – eu próprio. Sou natural de Eiras de Sabaio e vivo no litoral. Lembro-me do mundial de futebol de Espanha, mas pouco ou nada do da Argentina.
Tenho uma filha pequena e não sei bem no que me estou a meter, embora tenha dito aos outros que isto ia correr bem, que era pouco mais do que uma brincadeira. Sou veterinário.

Wednesday, October 1, 2008

Primeiro post do último blog

Fui o último, do meu grupo de amigos, a ter PC, telemóvel, leitor de DVD, ligação à Internet … , dizia eu há uns meses a um desses amigos, serei o último a ter um blog? Até os meus sobrinhos têm!

Mas logo confirmei aquilo de que já suspeitava: não seria necessriamente o último, uma vez que este agora meu companheiro de blog consegue ser ainda mais avesso às tecnologias do que eu. Ele até acha que elas lhe dão azar.
E no entanto dizia desejar ser blogguer.

Desculpe?

Eu já há tempo vinha ruminando numas ideias sobre um espaço de discussão dedicado ao nosso Vale (e outros vales!). São pensamentos, sonhos e preocupações, ou apenas o que resta de discussões avulsas, formais e informais (e não falo só de copos e jantaradas) que venho mantendo com pessoas da região, para além de participações esporádicas na imprensa local. A net, há que reconhecer, acaba por ser o meio mais do que ideal para que se possa concretizar esse anseio.

A conversa com o meu amigo acabou por ser a faísca detonadora. A partir daquele conversa inicial, a ideia foi-se encorpando e acabámos por juntar um belo grupo, de gente que se identifica e agrega em torno de dois pontos de referência fundamentais.

E quais são eles? Uma região - o Vale Interior, da nossa Beira Alta - e a info-exclusão. Isto porque todos, de uma forma ou de outra, estamos ligados ao Vale e, curiosamente, todos - como viemos a descobrir - nos sentimos um pouco analfabetos nestas artes tecnológicas. Pertenceremos a alguma espécie rara?

E une-nos também a vontade de participar, de contribuir, enfim, de nos exprimirmos sobre sabe-se lá o quê – mas tendo sempre presente, nem podia ser de outra forma, que, para efeitos do blog, somos filhos do Vale e da info-exclusão. É essa a nossa marca distintiva, sobre a qual assenta tudo o resto.

Diga-se que o nome info-excluido surgiu logo, na tal conversa de que falei no início, da boca do meu amigo. Eu achei-lhe piada e sugeri que esse poderia ser o nome do blog. Mas ele preveniu-me, com cara séria, que gostava da designação, e que fazia questão de a usar aqui no blog.

Lá chegámos a um acordo: quer blog quer blogger o usarão, embora com uma adaptação da parte do último. Dizia que se não fosse assim não participava, porque daria azar. E não estava a brincar.