Tuesday, October 14, 2008

Os nossos mestres


O dr. Luciano Carlos de Abreu foi uma das figuras mais grandiosas da nossa região. Veio ao mundo a 24 de Fevereiro de 1894, em Tábuas, freguesia de Romaride, e faleceu em Lisboa, em 19 de Novembro de 1965.
Licensiou-se em Direito, na Universidade de Coimbra, tendo vivido grande parte da sua vida entre esta cidade e a capital. Foi nestas urbes que se dedicou à advocacia e ao ensino, leccionando em diversas escolas secundárias, tendo mesmo sido um dos fundadores de um colégio.
Homem dotado e dinâmico, foi um notável conferencista, poeta e prosador. Além de livros académicos de referência na sua área, publicou muitas outras obras, entre as quais destaco os livros de poemas dedicados à nossa terra (ou nela inspirados). Mas o seu legado literário, em poesia e prosa, é imenso, assim como o seu amor ao Vale Interior, à sua gente e cultura. Trata-se, fundamentalmente, de um grande português, disposto a dar o seu melhor em tudo o que se envolvia.
Resolvi-me por apresentá-lo, ou recordá-lo, na minha estreia neste espaço, por ter sido uma referência ao longo da minha vida, e por tão bem ter sabido cantar o nosso vale. Assim, deixo aqui algumas quadras de uma de suas maiores obras poéticas, " Estudos de poesia popular", premonitórias das de António Aleixo:


Em grandes poisos se altaneiam
muitos tolos abelhudos;
Nem sabem quanto se afeiam,
Vaidosos e barrigudos.
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Pouco existe que mais doa
a honrado trabalhador,
que ver gente sã, à toa,
a comer d'outros o suor.
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Têm porte e figura
certos que conheço;
mas em casa, broa dura,
e a candeia ao avesso.
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Sorrateiro, sorridente,
fresco e franzino.
Assim, o insolente,
vem armar seu desatino.
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Por não ver o velhaco,
que ser sério é um bem,
afunda-se em tal buraco,
que não vai sem mais ninguém.

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