Nota prévia: escrevi este texto no início do ano lectivo, já lá vai quase um mês, mas como a minha (e a nossa) info-exclusão não me permitiu deixá-lo aqui antes, faço-o agora (espero que seja desta).
A vida de um professor é marcada por ciclos precisos, que se repetem todos os anos. Depois do regresso às aulas, em Setembro, vêm o Natal, o Carnaval, a Páscoa e as férias grandes, as principais estações do ano lectivo. E cada ciclo tem os seus rituais obrigatórios: as reuniões, as avaliações, as festas, as inúmeras efemérides, etc.
Por enquanto, tudo cheira a novo e todos somos crianças de cara corada e olhos a brilhar, só de olhar para os livros por estrear. Há gente nova no grupo, gestos e regras que se aprendem ou relembram. Por enquanto, os sonhos e os receios de todos caminham bem alto, de mão dada.
Nunca percebi se estes momentos são uma recompensa antecipada pelos trabalhos por que passaremos depois, se uma enganadora bonança que consegue sempre deixar-nos desprevenidos face às tempestades. Veremos, já que, e esta é que é a verdade, dias bons, dias maus e dias assim-assim não se hão-de fazer esperar e a rotina acaba por ser o que mais surpreende. Nunca aprendemos, mas que interessa isso nestes dias?
Dentro em breve os anjos e os santos – isto é, os alunos e os professores (experimente dar aulas a anjos destes e diga depois se o somos ou não) – estarão envolvidos numa luta constante por protagonismo, todos contra todos. Resta esperar que a Salvação e a Graça vão, ainda assim, acontecendo diariamente, entre fraquezas e preces.
Duas jovens colegas ‘das AECs’ (actividades extracurriculares), candidatas a santas, perguntavam-me, no outro dia, por planificações, materiais, actividades, etc., para as respectivas áreas, Música e Inglês (ou seria Expressão Plástica?)
Eu percebo-as, mas desconfio que não sabem até que ponto não é isso que, a nós, as santas mais velhas, nos preocupa verdadeiramente. O que nos preocupa é saber se vamos ou não chegar ao fim do ano com o tal sentimento de termos sido demasiado defraudadas pelas expectativas do início.
Suspeito que elas nunca passaram um fim-de-semana a fazer compotas para toda a família, como algumas de nós fazem, para esquecer a escola, deixá-la lá longe. E também não devem recorrer muito ao ‘Relax Woman’ (nunca percebi se era um CD ou um livro), às escapadelas culturais de ocasião ou ao Xanax.
Mas sei, seja como for, que já valeu a pena continuar a acreditar na paciência dos santos e na inocência dos anjos. Porque, se não tivermos grandes expectativas agora… quando é que as teremos?
Por enquanto, tudo cheira a novo e todos somos crianças de cara corada e olhos a brilhar, só de olhar para os livros por estrear. Há gente nova no grupo, gestos e regras que se aprendem ou relembram. Por enquanto, os sonhos e os receios de todos caminham bem alto, de mão dada.
Nunca percebi se estes momentos são uma recompensa antecipada pelos trabalhos por que passaremos depois, se uma enganadora bonança que consegue sempre deixar-nos desprevenidos face às tempestades. Veremos, já que, e esta é que é a verdade, dias bons, dias maus e dias assim-assim não se hão-de fazer esperar e a rotina acaba por ser o que mais surpreende. Nunca aprendemos, mas que interessa isso nestes dias?
Dentro em breve os anjos e os santos – isto é, os alunos e os professores (experimente dar aulas a anjos destes e diga depois se o somos ou não) – estarão envolvidos numa luta constante por protagonismo, todos contra todos. Resta esperar que a Salvação e a Graça vão, ainda assim, acontecendo diariamente, entre fraquezas e preces.
Duas jovens colegas ‘das AECs’ (actividades extracurriculares), candidatas a santas, perguntavam-me, no outro dia, por planificações, materiais, actividades, etc., para as respectivas áreas, Música e Inglês (ou seria Expressão Plástica?)
Eu percebo-as, mas desconfio que não sabem até que ponto não é isso que, a nós, as santas mais velhas, nos preocupa verdadeiramente. O que nos preocupa é saber se vamos ou não chegar ao fim do ano com o tal sentimento de termos sido demasiado defraudadas pelas expectativas do início.
Suspeito que elas nunca passaram um fim-de-semana a fazer compotas para toda a família, como algumas de nós fazem, para esquecer a escola, deixá-la lá longe. E também não devem recorrer muito ao ‘Relax Woman’ (nunca percebi se era um CD ou um livro), às escapadelas culturais de ocasião ou ao Xanax.
Mas sei, seja como for, que já valeu a pena continuar a acreditar na paciência dos santos e na inocência dos anjos. Porque, se não tivermos grandes expectativas agora… quando é que as teremos?
1 comment:
ler todo o blog, muito bom
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